Sabia que seus alunos te enferrujam? Aprenda aqui a se defender!
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Apesar de eu reconhecer que há verdade nesta frase que já ouvi repetidas vezes: “Há muita coisa que só se aprende ensinando.”, e apesar de eu mesmo já a ter dito algumas vezes, pois admito que meu inglês melhorou muito depois que eu comecei a dar aula e que muitas coisas eu só finalmente aprendi justamente por ter de ensiná-las – é até hoje frequente eu ter estalos de compreensão, ou fazer novas conexões. Ou seja, apesar de ensinar ser um processo de aprendizado muito rico como todos dizem, essa não é toda a verdade, ao menos quando se diz respeito a um professor de línguas. O fato que essa afirmação mascara é que, na maioria dos casos, o contato com a língua através dos alunos, faz com que o professor piore no idioma com o passar do tempo. O vocabulário empobrece, a pronúncia piora, cometem-se mais erros na gramática, enfim, começamos a falar como nossos alunos, e aí parece que estamos enferrujados.
Vocês já devem ter reparado em algum colega de profissão que não estava lá muito em dia com o idioma. A verdade é que isso pode não ser culpa dele. A verdade dura é que você pode ser o próximo.
Mas como isso acontece? Já repararam que quando viajamos para algum lugar em que se fala com um sotaque diferente do nosso por um tempo um pouco maior, começamos a falar como as pessoas do lugar? Não? Ou então que quando temos amigos muito próximos começamos a falar parecido? Ou que é normal que pessoas da mesma família falem de forma semelhante? Bom, tudo isso ocorre sem a gente possa controlar, quando vemos já estamos falando aquela palavra que nosso amigo fala toda hora. Esse mecanismo aparentemente simples é, na verdade, muito importante na transformação das línguas e também na sua aquisição. Nós “pegamos”o jeito das pessoas próximas de falar.
Eu falo em inglês durante a maior parte do dia, se você dá aula de francês fala francês a maior parte do dia. Ótimo para praticar, não? Sim e não. Nós precisamos sempre adequar o vocabulário, a gramática e a velocidade com que falamos para sermos entendidos, e nossos alunos, por motivos óbvios, cometem muitos erros. Isso faz com que essa forma de falar em sala de aula, conforme o tempo passa, acaba por virar a nossa forma de nos expressar, e nem é culpa nossa, é tão natural quanto começar a falar mais cantado depois de um mês na casa da avó que mora em Santa Catarina.
É claro que a saída não é parar de adequar o modo de nos expressar aos nossos alunos. A forma de nos “defendermos” se utiliza do mesmo mecanismo que está “atacando”a nossa habilidade no idioma. É simples, se nós inevitavelmente “pegamos”o jeito dos que nos cercam de falar, basta que a gente se cerque de pessoas que sejam “bons exemplos”para que, ao invés de piorar, melhoremos! Isso pode ser mais fácil para quem tem um marido/esposa/namorado(a) que fala perfeitamente o idioma. Já para aqueles que não têm, também existe uma defesa – o Youtube. O Youtube é, na verdade, apenas um exemplo de ferramente que pode ser utilizadas para ter contato com esses “bons exemplos”. Serve qualquer coisa que vá fazer você ouvir/ler no idioma que leciona: Podcasts, livros, revistas, programas de TV. Dar uma estudadinha na gramática também te ajuda a se manter em forma. Eu notei que o meu inglês não só não estava mais piorando como também está melhorando depois que eu adotei o hábito de estar em contato diariamente. Além disso, para mim nem parece estudo, porque eu sempre leio/ouço/aprendo sobre coisas interessantes para mim.
Conslusão: dar aulas nos possibilita aprender muitas coisas, mas o professor de línguas tem de ralar mais um pouco fora da sala de aula, já que, o nosso domínio do idioma infuencia diretamente a qualidade de nossas aulas, e isso (o domínio) é coisa que se perde.