O que Narcos nos ensina sobre a identidade latino-americana
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Para quem não conhece ou ainda não assistiu Narcos (assista o trailer aqui), trata-se de uma produção da Netflix que conta a historia de Pablo Escobar, um traficante de drogas colombiano – o seriado foi filmado em várias cidades latino-americanas e também dos Estados Unidos. Tem um visual bacana, e um tom que transita entre o cômico e o trágico.
Ok. Vocês devem estar se perguntando: por que um blog voltado para o ensino de idiomas resolveu falar sobre um seriado televisivo? A explicação é bastante simples: o espanhol do talentosíssimo Wagner Moura- que vive Pablo Escobar na série – tem dado o que falar.
Isso mesmo. Há quem diga que o espanhol do ator não seja lá aquelas coisas, e que isso tem prejudicado o desenrolar da história; ainda do lado dos críticos, dizem que o seriado é mais uma daquelas produções para “gringo” ver – afinal, “gringos” não conseguem detectar quando um sotaque em espanhol não vai muito bem. Em contrapartida, uma grande maioria de pessoas tem aclamado tanto a produção quanto as atuações.
Independentemente de posicionamentos sobre as habilidades linguísticas de Wagner Moura, o que me interessou verdadeiramente nesse debate é o aspecto cultural da coisa. E é aqui que nosso post começa.
Vamos analisar dois pontos:
- Wagner aceitou o papel sem saber falar uma palavra em espanhol;
- Ele foi morar em Medelín por seis meses para estudar espanhol, aprender o sotaque colombiano, conhecer a cidade onde tinha crescido Pablo Escobar, e o mais importante: conhecer a cultura local
Sobre esse período em que esteve fora do Brasil, Wagner comentou que pela primeira na vida se sentiu latino-americano. Como colombiana, posso dizer que essa afirmação chamou bastante minha atenção. Eu acredito que brasileiros tendam mesmo a se sentir apenas brasileiros, enquanto pessoas de outros países da America Latina, para além de sua identidade nacional, se identifiquem como latino-americanas.
Culturalmente falando, me parece que os brasileiros se isolam da região latino-americana ao passo que se aproximam de países europeus ou norte-americanos – leia-se: Estados Unidos e Canadá.
Um dos motivos desse isolamento? A falta de conhecimento da língua espanhola. Mais que uma língua, o espanhol é uma cultura, um jeito de viver a vida e perceber o mundo. E isso não pode ser proporcionado pelo portunhol.
Então, o que Narcos nos ensina sobre a identidade latino-americana? Que os brasileiros poderiam se aproximar mais do espanhol para, assim como Wagner Moura, poder vivenciar a experiência de serem latino-americanos. Estudar espanhol não só porque o Brasil é parte do Mercosul, mas, principalmente, porque o Brasil faz parte de um conjunto que é culturalmente riquíssimo. Estudar espanhol para poder vivenciar a América Latina sem barreiras linguísticas.
Essa imersão na cultura latino-americana certamente fez muito bem para o espanhol de Wagner – estou esperando ansiosamente pela segunda temporada de Narcos. Agora é a sua vez de fazer o mesmo e estudar espanhol de verdade. Você não irá se arrepender! 😉