Meu aluno(a) não faz lição de casa. E agora? (Parte I – adultos)
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Configurar o problema é fácil:
Todo mundo tem pelo menos um(a) aluno(a) que não faz as tarefas de casa, muitos têm muitos. Há alunos que fazem a tarefa tão raramente que, quando fazem a gente quase cai de costas. Dentre os adultos, o motivo mais frequente é a falta de tempo por excesso de trabalho e/ou cuidados com a casa e com os filhos. No caso das crianças e adolescentes as desculpas esfarrapadas satisfações são mais variadas e criativas, existe até um wikihow para inventar desculpas críveis. Por conta disso, muitos de nós chegam a desistir de checar as lições de casa e, em casos mais críticos, desistem de atribuí-las.
Agora vamos às alternativas que temos para resolver a questão.
Como perfis diferentes exigem medidas diferentes, separemos as dicas em grupos, o post de hoje tratará dos adultos.
Mas antes vamos ver o que eu chamo de os
5 mandamentos da lição de casa
1. Sempre cobre a lição, sempre. Se você pediu, era relevante, então não deixe passar. (Nem preciso dizer que a lição TEM de ser relevante, né? Melhor, economizo um mandamento.)
2. Corte o clássico, “tinha lição para hoje?”, ao cobrar a tarefa. Passa a ideia de que não era tão importante assim. Além de se correr o risco de que os alunos respondam um sonoro “nãããão, professor”, sendo que tinha. Ou pior: “tinha, você esqueceu, professor? Eu também!”
3. Não atribua a tarefa de forma displicente, ou de última hora. Evite falar no final da aula frases como: “Pessoal, quer saber? Façam os exercícios da página 25 para a próxima aula.” Parece que você decidiu na hora ou que você está pedindo a lição sem motivo.
4. Integre as lições à aula. Os alunos têm mais motivação para fazer a tarefa se ela é necessária em sala. Planeje suas aulas, e também as lições de forma que elas se complementem. Se elas ficarem completamente apartadas, os alunos podem não ver sentido em fazer a tarefa.
5. Lição de casa não é castigo. Transformar a lição de casa em algo negativo, como uma punição, é uma péssima ideia. Resista a essa tentação.
Agora que já temos estabelecido o básico sobre a lição de casa, vamos às dicas por faixa etária:
Adultos
Com adultos a minha experiência é bem clara e diz o seguinte – não adianta dar murro em ponta de faca. Isso não quer dizer, entretanto, que você tem que desistir e não passar lições para eles. Quer dizer que, depois de perceber que o aluno ou a aluna consistentemente não faz a lição, você tem de mudar a estratégia e adaptar as tarefas às folgas necessidades deles. Assim você vai esgotando, passo a passo, a possibilidade de desculpas:
Se eles dizem que não têm tempo, a campeã das desculpas – encontre coisas que eles possam integrar na rotina deles. Podcasts, por exemplo, são uma opção interessante. A variedade é grande, os assuntos são variados, os programas são produzidos regularmente e dá pra ouvir no carro ou no metrô. Séries e programas de TV, postagens em blogs, revistas, quadrinhos, aplicativos, todos apresentam essas características que os tornam ideais para esse propósito.
Aliás, tudo isso é interessante mesmo para os alunos que já fazem a lição. Os que não fazem precisam de um pouco mais de cobrança e incentivo.
Há apenas uma restrição, isso tem de ser feito por gosto. Um aluno que, por exemplo, não gosta de ler notícias no próprio idioma muito provavelmente gostará ainda menos de fazer isso em outro idioma; e possivelmente passará a odiar o idioma, e também vai ter raiva de você por ter tido a ideia; e no final das contas não vai fazer a lição.
Com os adultos, a solução é trazer sugestões que se adaptem à disponibilidade deles e estruturar a tarefa ao redor disso. Alguém lendo esse post está pensando: “isso não é certo, eu ter que ficar pesquisando todas essas coisas porque meu aluno não faz as lições como os outros.” Bem, apesar de eu concordar que o trabalho extra seja uma desvantagem, se você realmente acredita que fazer a lição é importante para o seu aluno, persevere, você pode se surpreender positivamente. Pode ser que seu aluno fique empolgado com o desenvolvimento que ele está tendo e até passe a fazer a lição de casa “normal”.
Para terminar, uma história real. Uma vez eu preparei uma atividade em aula utilizando um vídeo de um programa chamado “Who wants to be a millionaire”, o programa cuja versão brasileira é o Show do Milhão que é muito superior porque o prêmio é em barras de ouro que valem mais do que dinheiro. Enfim, um dos meus alunos que nunca fazia a lição de casa simplesmente amou o programa. Eu sugeri que ele assistisse os vídeos no Youtube e que isso poderia substituir a lição de casa. Resultado, ele ficou viciado nos vídeos, assistia aos montes e o inglês dele começou a melhorar muito. Quando acabou de ver esse, engatou em outro e tomou gosto. Ninguém poderia prever que isso iria capturá-lo dessa forma.
Isso é tudo por hoje, pessoal!
Não percam a Parte II do post que vai tratar sobre crianças e adolescentes.