16 out 2015

Meu aluno (a) não faz lição de casa. E agora? (Parte II Crianças e Adolescentes)

Continuando o post da semana passada que foi sobre como incentivar seus alunos adultos a fazer lição de casa, o post de hoje será sobre crianças e adolescentes.

homedog

Crianças

No caso das crianças, pelo menos dessa vez, é tudo mais fácil. A abordagem mais direta para tratar da questão é  através da família. Mas a ideia não é contar para a mãe/pai/responsável da criança que ela não anda fazendo o dever e que merece castigo, nada disso.

Na rotina de muitas famílias já se tem estipulado um horário para fazer lição de casa. O problema é que as matérias de línguas muitas vezes ficam de fora dessa rotina, ainda mais se forem extracurriculares. No caso das famílias que já têm um momento para a lição de casa é só pedir para que se inclua também as lições do Inglês/Espanhol/Alemão/Japonês…

Se a família ainda não tiver a lição incorporada na rotina pode ser que caiba a você, ou ao coordenador da escola em que você trabalha, dar essa sugestão. Lidar com os pais/responsáveis não é o aspecto mais fácil da nossa profissão, mas nesse caso não precisa se tornar um problemão.

Para mim, introduzir o assunto tranquilamente em uma conversa informal com os pais sempre deu bons resultados.

Usem a tecnologia a seu favor. Ter um canal de comunicação com os pais dos alunos pode ser muito valioso, e nessa idade ainda funciona muito bem. Conheço uma professora que fez grupos no Whatsapp com as mães das crianças pra quem dá aula e tem tido muito sucesso. Ela manda lembretes e avisos, lista de materiais e, inclusive, lição de casa. Funciona como a conhecida agenda, mas é mais prático. Entendo que pode não ser a melhor solução para todos, mas é uma possibilidade.

E lembrem-se sempre do quinto mandamento – lição de casa não é castigo.

Adolescentes

Conforme a criança avança para a adolescência, a tendência é que a família exerça menos controle das suas atividades. O que na verdade é normal e desejável. A parceria com a famíla, no entanto, tende a  não ser tão eficaz.

É difícil prescrever uma fórmula que não seja muito relativizável (se aplica a poucas situações), ou uma dica que vá além daqueles cinco princípios básicos que no outro post eu chamei de mandamentos. Sendo assim, eu vou compartilhar uma experiência que tive com um grupo de adolescentes e pode ser que ela seja válida para outros professores.

Recentemente, eu tive um desafio grande com uma turma que tinha entre 13 e 14 anos. Eles chegavam atrasados, conversavam muito em português durante a aula e quase nunca faziam a lição de casa, não importa o que eu inventasse. Eu aos poucos ficava desmotivado com a turma, coisa que eles também percebiam, e assim dar aulas para eles ficava cada vez mais penoso. Acredito que muitos professores já viveram a situação que acabei de descrever.

Minha solução foi primeiro abrir o jogo com eles. Eu contei que os atrasos, a conversa, e o fato de eles não fazerem as atividades que eu pedia estavam me deixando chateado. Da parte deles, eles disseram que perceberam que as aulas não estavam sendo tão legais quanto no início, e que a gente fazia menos atividades diferentes e divertidas. Eu esclareci que por conta dos atrasos e das outras atividades demorarem muito, a gente simplesmente tinha pouco tempo para fazer jogos, competições e etc. Eu pedi que eles me escrevessem sugestões de como a gente poderia melhorar a situação, já que dessa forma ninguém estava feliz. A partir da sugestão de uma das meninas da sala veio a alternativa que ajudou com todos os problemas de uma vez. Vou tentar explicar em poucas palavras.

Nós estabelecemos um sistema de pontuação. Eles começam a aula com zero pontos. Chegar atrasado, falar português durante a aula, não trazer o material, não fazer a lição de casa, tudo isso os faz perder pontos. Chegar no horário, falar inglês, etc, os faz ganhar pontos. Quando eles conseguem somar 10 pontos, eles ganham o direito de escolher alguma atividade divertida, por exemplo, alguma atividade que envolva um jogo, ou uma música, eu dou as opções.

Para mim, isso se mostrou ser um acordo muito bom. Nenhum deles chegou atrasado depois disso, o português em sala diminuiu muito, e eles poucas vezes não fazem a lição de casa. Além disso, a minha parte do acordo é muito fácil de cumprir.  Na Connect a gente já acredita que os adolescentes aprendem melhor fazendo atividade divertidas, e como minha aula passou a render muitos mais, eu podia fazer todas as atividades planejadas. Para eles, eu acredito que também tenha sido bom. A aula ficou mais legal, e eles podem participar escolhendo as atividades. A simples ideia da competição já os deixa animados. Eu também senti o surgimento de uma responsabilidade de grupo. Como todos perdem pontos quando alguém pisa na bola, eles não querem desapontar os colegas.

Enfim, espero que as dicas se provem úteis para vocês. Se alguém tiver as próprias técnicas ou dicas para tratar do assunto, compartilhem com a gente.

Se vocês gostaram do que leram, sigam nosso blog! Toda sexta-feira temos um post novo com conteúdo exclusivo para professores.